
Reclamações“Não consegui nem chegar perto. Passei uma hora procurando. Fiquei para cima e para baixo, olhando de sala em sala”, afirma Elizabete Silva, que prestou concurso para Técnico de Enfermagem. A sala divulgada pela Internet e na qual ela faria as provas, de nº 58, simplesmente não existia e a candidata acabou sendo “instalada”, de última hora, na sala 25.“A desorganização começou desde a entrada. Consegui ainda ver meu nome na lista, mas tive medo de me pisotearem. A qualquer momento podia acontecer algo pior. Nem mesmo dividirem essa lista por nomes, colocando uma parte em cada lugar, eles dividiram. Era tudo no mesmo canto e o tumulto foi grande”, critica Andréia Miranda, concorrente de Elizabete. Depois de finalmente entrar nas salas, cerca de meia-hora após o horário marcado para o início das provas, que deveriam começar às 8h, a confusão continuou. Muitos candidatos não encontraram seus nomes em nenhum lugar, sendo reunidos em uma sala “improvisada”, mas não aceitaram fazer as provas já que seus nomes não constavam da listagem. Outros chegaram a assinar os cadernos de presença, mas não responderam a nenhuma questão, enquanto aguardavam uma solução para o impasse.No meio do tumulto, houve denúncia de que algumas provas foram entregues e retomadas pelos fiscais e muitos candidatos tentaram abrir à força a porta onde estavam os representantes da organização do concurso. Policiais militares tentaram acalmar os ânimos, mas a impaciência com as falhas e a demora eram gerais. Somente por volta das 10h15, os fiscais, que durante todo o tempo ficaram sem informações, receberam a ordem de liberar os candidatos, anunciando que a prova iria ser realizada em uma nova data. Nove mil candidatos farão a provaAo todo, a estimativa da coordenação do concurso é de que nove mil pessoas terão de realizar novas provas. O cancelamento é considerado um prejuízo tanto para quem fez, quanto para quem não fez o exame. “Muitos investiram recursos financeiros para se prepararem, fizeram cursos, reservaram parte de seu tempo para os estudos, abdicaram de muitas coisas. Os problemas que ocorreram ainda vão trazer prejuízos psicológicos, pois como é que os candidatos irão enfrentar uma nova prova? Como vão lidar com isso?”, questionou o professor de Informática e diretor da Premium Concursos, André Gustavo.Ele lembrou que mesmo candidatos que prestaram provas em outras escolas, ou em outros horários, podem ter sido prejudicados pela notícia que se espalhou por toda a cidade, dando conta de que o concurso teria sido anulado. “Estive nos locais de provas e muitos candidatos que chegavam nos perguntavam se iria mesmo acontecer”, destaca o professor. Andréia Miranda confirma o clima de descrédito que o concurso passou a ter. “Tem de se tomar alguma providência. Gastei com curso e perdi muito tempo estudando. Da próxima vez, vou pensar duas vezes antes de fazer um concurso, principalmente se for com o Instituto Cidades”, admitiu, dizendo já ter feito vários concursos, sem nunca ter visto algo semelhante. “Uma pessoa se dizendo da Governadoria foi até lá e disse que tudo ia ser anulado e o contrato do Governo com o Instituto também poderia ser quebrado”, relatou. Já Elizabete Silva garantiu que, em sendo a mesma empresa organizadora, não irá disputar novos processos seletivos. “Dediquei tempo, comprei apostilas, livros e no final foi uma confusão só”, reclamou. Carlos Dantas, porém, afirmou que não cabe à comissão decidir por uma possível quebra de contrato com o Instituto Cidades, empresa escolhida pela Secretaria Estadual de Administração. O secretário da pasta, Paulo César Medeiros, deixou claro que qualquer providência só poderá ser tomada quando a comissão entregar o relatório sobre o concurso.A TN tentou contato na manhã de ontem com o diretor do Instituto Cidades, Leonardo Chaves, mas seus celulares estavam fora de área. A única informação na sede da empresa, em Fortaleza, era de que o mesmo estava viajando de Natal à capital cearense. Em declarações à imprensa, ele reconheceu falhas na sinalização das salas do Cefet e sugeriu a realização de novas provas para os quatro cargos.Candidatos citam falhas ocorridas na avaliaçãoAs críticas às provas aplicadas no último domingo não se limitaram aos que não puderam realizá-las. Dentre as falhas percebidas pelos concorrentes a outros cargos, estavam perguntas como a incluída no gabarito, na qual se pedia para marcar o tipo de prova que estava sendo respondida. No entanto, os fiscais não sabiam explicar que tipo de prova se tratava, ou mesmo se essa lacuna tinha de ser preenchida, o que só foi esclarecido posteriormente.Em pelo menos uma questão foi percebido um “x” ao final do enunciado de uma das alternativas, levantando dúvidas entre os candidatos e até suspeitas de que o sinal marcasse exatamente a resposta certa. Além disso, houve reclamação quanto ao despreparo dos que aplicaram as provas, já que os fiscais não conseguiam esclarecer os questionamentos dos candidatos e até mesmo tentaram impedir uma jovem de deixar a sala com as anotações feitas no espaço reservado exatamente para isso e que era destacável do restante da prova.
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